domingo, 16 de novembro de 2008

Já muito quente - Cortejo

Sob um sol causticante, começou o cortejo da re-Proclamação da República, que seguiria do Complexo Cultural da República até a Praça dos Três Poderes. A multidão formada pela gente de todo esse país tomou as ruas; Brasília ganhou novas cores, além de seus usuais cinza e branco. Karime fazia o registro sonoro, Fábio captava os movimentos enquanto eu clicava sob os melhores ângulos que conseguia. Era necessário a todo o momento uma pausa para uma água gelada, porque o calor estava de insandecer qualquer um.

No meio da caminhada, os índios engrossaram a multidão. A primeira parada foi a Catedral Metropolitana de Brasília, que ganhou fama nos cartões postais. O grupo se dividiu entre os que conseguiram entrar e os que ficaram do lado de fora. Quando o pároco percebeu do que se tratava, impediu a entrada dos demais, que ficaram protestando por terem sido barrados. Ao que parece, os indígenas queriam realizar um ritual na igreja. Houve protestos, reclamações e um impasse: os que estavam de fora não podiam entrar e quem estava dentro não podia sair. Parte do grupo do lado de fora resolveu dar continuidade ao cortejo, sob o lema: “Não vamos insistir em entrar onde não somos bem-vindos.” Os que ficaram, pensavam: “Temos que ser respeitados; abaixo a intolerância!”

Após uma boa meia hora de mal-estar, os que estavam “presos” tiveram a saída liberada, e o grupo ficou completo novamente. A caminhada até que não era tão longa, mas o sol, cada vez mais forte, castigava a todos, principalmente os mais velhos. Um dos integrantes de um grupo que tocava, com a idade já avançada, dizia: “Eu não agüento mais. Tô judiado.” Os ambulantes vieram em nosso socorro, com água gelada, água de côco, cerveja e sorvete, garantindo, dessa forma, um acréscimo de energia aos nossos corpos já cansados.

Na Praça dos Três Poderes, reunimo-nos todos em torno da Bandeira Nacional e, ao som do hino, cantado em uníssono, re-proclamamos a República em 15 de novembro de 2008.

P.S. Assim que possível, postarei as fotos

Aquecimento - Cortejo

Terminada a programação do II Fórum Nacional dos Pontos de Cultura, sobra um pouco de tempo para aproveitar as atrações culturais da Teia 2008. No kit que recebi do ato do credenciamento, recebi um encarte com a programação, mas nem fiz uso dele. Deixei me levar pelos sons e cenas em que eu mergulhava e apenas apreciava. É como andar sobre um grande palco e ir descobrindo pelos sentidos a diversidade cultural brasileira. Algumas vezes, tinha uma sensação de overdose e tinha que “dar um tempo” na fruição cultural, para só depois mergulhar novamente no mar de sons e cores vindos de todos os cantos do país.

Logo ao lado do Museu da República estava Zé do Pife, com sua flauta mágica. No chão, flautas de todos os tamanhos, e a qualidade do produto ele garantia, porque eram feitas por suas próprias mãos. Descobri mais tarde que pífano é o nome dado a esse instrumento, que também é conhecido como pífaro ou pife. O pife tem origem indígena e é feito de bambu, no qual são feitos sete orifícios. Zé do Pife vive há mais de 15 anos em Brasília, mas nasceu em São José do Egito, interior de Pernambuco, de onde trouxe o doce som de seu pife e seu sotaque.

De longe, o som dos tambores revelam outras manifestações. O força do afoxé, a sensualidade do carimbó... De repente, misturam-se as flautas, os tambores, os trompetes... uma polifonia contagiante anunciava o início do cortejo da Reproclamação da República.

P.S. Aguardem... a qualquer momento as fotos serão incluídas.

sábado, 15 de novembro de 2008

Célio e Asas

No início da tarde de ontem Karime e eu conversamos com o Secretário de Programas e Projetos Culturai, Célio Turino. Um dos destaques de nossa conversa foi o anúncio do Prêmio Asas, que contempla os Pontos de Cultura cujos convênios estão encerrados. O prêmio de R$ 120 mil será concedido para as iniciativas que realizaram as melhores práticas de implantação das ações previstas no projeto apoiado.

Serão premiados 50 Pontos de Cultura com convênios a partir dos Editais1, 2 e 3, que estejam com prestação de contas final já aprovada.

Entrevista com Célio Turino: Karime gravou tudo!


II Fórum Nacional dos Pontos de Cultura - Plenária Final

Ontem foi o último dia de atividades do II Fórum Nacional dos Pontos de Cultura. A programação previa para o período da manhã a apresentação das proposições elaboradas pelos Grupos de Trabalho e a realização das plenárias estaduais, nas quais seria eleita a representação do estado na Comissão Nacional dos Pontos de Cultura - CNPC. Os trabalhos começaram com atraso (novidade!!). O tempo programado nunca é suficiente para a realização de tudo o que estava previsto, não apenas pelo atraso. O imprevisto também é grande responsável pelo atropelo da programação. Manifestações no auditório da plenária, leitura de cartas, entre outras coisas, acabam encolhendo o tempo da discussão. Como conseqüência, as plenárias estaduais tiveram que ser realizadas no período da tarde.

A exemplo do que aconteceu de manhã, à tarde também houve atraso. O Secretário de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura, Célio Turino, abriu as atividades da tarde e anunciou alguns editais que já estão em andamento, como o Cultura Ponto a Ponto, e os que estão previstos para o ano que vem, como o edital de Pontos de Mídia Livre e o Ponto de Cultura Digital. Depois, representantes dos Pontos de Cultura fizeram perguntas ao Secretário.

Em seguida, foram realizadas as plenárias estaduais, cujo objetivo era indicar um nome para representar o estado junto à CNPC. Na plenária mineira, optou-se por ratificar a decisão tomada no Fórum Estadual, que reuniu no mês passado em Belo Horizonte representantes de Pontos de Cultura de Minas Gerais. Votou-se pela representação colegiada, composta por representantes dos seguintes pontos: Pontão de Cultura da UFMG (Belo Horizonte), Arte Musical é Vida (Porteirinha), Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Itabira), Rede da Fundação Municipal de Cultura (Belo Horizonte) e Grupo Aruanda (Belo Horizonte).

A nova CNPC sobe ao palco e se apresenta aos Pontos de Cultura

Ao serem concluídas as plenárias estaduais, os delegados voltaram para o auditório do Museu da República, para apresentação dos representantes estaduais na CNPC. As atividades imprevistas também marcaram o turno da tarde, estendendo o tempo do Fórum até o limite da paciência de todos os presentes. Eu estava na expectativa de que houvesse a apresentação de um documento sistematizado com as propostas dos grupos de trabalho reunidas. Não sei se entendi errado, mas acreditei que no último isso seria feito e que os delegados aprovariam formalmente as propostas. Mas não houve esse momento, pois parece que não sobrou tempo para isso. Alguns delegados com quem conversei também tiveram a mesma sensação. De qualquer forma, foi importante o momento dos Grupos de Trabalho, em que pudemos discutir nossas propostas para o Programa Cultura Viva. Temos que dar continuidade a essas discussões a partir de agora. Não precisamos esperar a próxima Teia para isso.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sem cerimônias


Abertura de eventos importantes são, quase sempre, muito previsíveis. Isso porque há um protocolo a ser seguido, e os cursos de Relações Públicas, entre outras coisas, tratam dessas questões. Há uma determinada ordem na composição da mesa, uma ordem para convocação dos convidados para concessão da fala... E é claro, uma cerimônia de abertura que se preze precisa de um mestre de cerimônias que, geralmente, veste preto e tem voz empostada.

Mas num evento como a
Teia, o protocolo é outro: o da irreverência. Conduzida por Chico Simões, devidamente trajado para a ocasião, a abertura não teve o tom pesado, burocrático. Foi marcada pelo bom-humor e pelas freqüentes “quebras de protocolo”.


A mesa de abertura tinha muitos convidados, e a longa fala de alguns deles estendeu a cerimônia. Eu, por exemplo, tive que sair mais cedo porque precisei voltar para o hotel para poder acessar a internet. Não pude ver a Ópera Macunaíma, que se apresentaria na seqüência. O Fábio, com certeza, viu. Ele está na equipe de comunicação da Teia, então é “testemunha ocular” dessa história. Conta aí, Fábio, como foi?

Teias

Essa é a terceira Teia da qual participo. São Paulo foi a primeira experiência de reunião de manifestações culturais tão diversas. No prédio da Bienal, uma polifonia bem-vinda. Era a cultura fazendo barulho! Mesmo que a idéia seja privilegiar a diversidade, senti falta de ouvir uma voz de cada vez. A sensação que ficou é que ouvia-se todo mundo, sem que ninguém conseguisse ser ouvido. A organização - ou melhor, desorganização - foi um sério problema daquela edição de 2006... De qualquer forma, foi um primeiro passo. Importante passo, diga-se de passagem. A segunda edição foi em Belo Horizonte. Enquanto em São Paulo tudo se concentrava no prédio da Bienal, o que gerou aquela polifonia à qual me referi, em BH as atividades ficaram dispersas, distribuídas entre o complexo da Praça da Estação (que inclui a Casa do Conde e o Centro Cultural UFMG), o Parque Municipal e o Palácio das Artes. Não tenho como avaliar a organização da segunda edição, pois como sou de Belzonte, não tive que lidar com questões como deslocamento, hospedagem e refeição.

A coordenação da Teia de Brasília ficou a cargo da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura. Bom, do meu ponto de vista, a organização está ótima, mas há alguns relatos de Pontos que não puderam vir. Alguns delegados, ao chegarem em Brasília, descobriram que não tinham onde ficar e foram improvisadas acomodações em motéis. Bom, ainda há muito o que aprender para que situações desse tipo não se repitam. A Teia é um evento grande, e o número de Pontos de Cultura só tem aumentado, o que significa que deverá haverá um esforço cada vez maior para que um encontro tão rico como este não seja marcado por situações tão problemáticas.

De qualquer forma, a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura e toda a organização da Teia estão de parabéns! Quem está aqui vê que o pessoal tem trabalhado bastante para que a diversidade que pulsa a cultura brasileira seja contemplada.

Depoimento da Karime

Participar do TEIA 2008 está sendo uma experiência e tanto. Particularmente, em quase todos os momentos fico muito emocionada com a diversidade presente aqui.

Muito emocionada também quando converso com pessoas que desenvolvem trabalhos tão bacanas junto a suas comunidades e articulam as suas ações culturais para fins de desenvolvimento social. Aliás, desenvolvimento social pressupõe ações culturais.

Parabéns aos pontos de cultura!

É muito grande o desejo e a demanda de maior articulação das redes, e é visível o amadurecimento de muita gente na percepção de que o trabalho colaborativo é o "canal" e a possibilidade de sustentabilidade.